O romance mais popular e mais
importante da carreira literária de Jane Austen (1775-1817) era publicado há
200 anos atrás, em 28 de Janeiro.
Em 1797, seu pai quis publicar a primeira versão do romance Pride
& Prejudice, mas o editor recusou. Quando finalmente foi publicado em 3
volumes, o nome da autora não foi creditado, mas sim como a autora de Sense & Sensibility, seu primeiro
livro publicado de forma anônima, com o pseudônimo: 'By a Lady'. Tempos em que
uma mulher que trabalhava ou mesmo uma escritora não era muito bem vista pela
sociedade...
Retrato a óleo de Jane Austen, feito em
1875, de autor desconhecido, baseado na aquarela realizada pela irmã Cassandra em
1810.
Minissérie produzida pela
BBC, em 1995 / Longa metragem de 2005
O
livro inicia com a conclusiva frase:
It is a truth
universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune,
must be in want of a wife.
É uma verdade universalmente conhecida que um
homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma
esposa.
Numa época em
que a única preocupação de uma jovem é casar-se e, quando mãe, conseguir um bom
casamento para suas filhas; onde a herança é destinada apenas ao primogênito do
sexo masculino e a descendência feminina fica entregue à caridade dos
familiares, a autora Jane Austen consegue descrever as peculiaridades da
sociedade e aristocracia de forma bem humorada e ao mesmo tempo com uma crítica
ácida aos costumes da época. O preconceito entre as diferentes classes sociais
é mostrado através da história entre as jovens solteiras que participam dos
bailes e atividades sociais à procura de um bom partido; a beleza é valorizada
como uma vantagem da mulher para unir-se ao jovem de uma posição social mais
elevada; algumas profissões autônomas, o clero e o comércio são mencionados
como atividades não merecedoras de respeito pelos membros da família. Apesar de
alguns mal-entendidos, todos os casais têm a chance de se conhecer um pouco
melhor e chegar ao esperado Sim!
Sinopse do livro:
A história mostra a maneira com que a personagem Elizabeth
Bennet lida com os problemas relacionados à educação, cultura, moral e
casamento na sociedade aristocrática do início do século XIX, na Inglaterra.
Elizabeth é a segunda de 5 filhas de um proprietário rural na cidade fictícia
de Meryton, em Hertfordshire, não muito longe de Londres.
Assista ao
trailer do filme com Matthew Macfadyen e Keira Knightley legendado:
Todas as
obras da autora já foram adaptadas para o cinema ou para a televisão, mas Orgulho e Preconceito foi a obra mais
filmada. Há duas versões que foram mais bem sucedidas junto ao público: uma
minissérie produzida em 1995 pela BBC em 6 episódios e o longa-metragem em
2005.
A versão de
1995 eternizou o ator Colin Firth, premiado com o Oscar® de Melhor Ator pelo
filme O Discurso do Rei (The King's Speech, 2010), no papel de
Mr. Darcy e na cena do lago onde ele aparece com a camisa molhada, embora não
conste do livro. Já a versão de 2005, trás no papel do protagonista o ator,
também inglês e brilhante em sua interpretação, Matthew Macfadyen. Curiosidade: nos extras
do DVD apresenta um final alternativo.
A tão sonhada cena do lago...
Sinopse
do filme:
Inglaterra,
1797. As cinco irmãs Bennet - Elizabeth (Keira Knightley), Jane (Rosamund
Pike), Lydia (Jena Malone), Mary (Talulah Riley) e Kitty (Carey Mulligan) -
foram criadas por uma mãe (Brenda Blethyn) que tinha fixação em lhes encontrar
maridos que garantissem seu futuro. Porém Elizabeth deseja ter uma vida mais
ampla do que apenas se dedicar ao marido, sendo apoiada pelo pai (Donald
Sutherland). Quando o sr. Bingley (Simon Woods), um solteiro rico, passa a
morar em uma mansão vizinha, as irmãs logo ficam agitadas. Jane logo parece que
conquistará o coração do novo vizinho, enquanto que Elizabeth conhece o bonito
e esnobe sr. Darcy (Matthew Macfadyen). Os encontros entre Elizabeth e Darcy
passam a ser cada vez mais constantes, apesar deles sempre discutirem.
Aquarela feita pela irmã Cassandra em 1810
Conhecendo a
autora:
Jane Austen(Steventon,16
de dezembrode1775–Winchester,18 de julhode1817)
foi uma proeminenteescritorainglesa. A ironia que utiliza para
descrever as personagens de seus romances a coloca entre osclássicos, haja vista sua aceitação,
inclusive na atualidade, sendo constantemente objeto de estudoacadêmico, e alcançando um público
bastante amplo.
Nascida em Steventon,Hampshire, de uma família pertencente
àburguesiaagrária, sua situação e ambiente serviram
de contexto para todas as suas obras, cujo tema gira em torno do casamento da
protagonista. A inocência das obras de Austen é apenas aparente, e pode ser
interpretada de várias maneiras. Os meios acadêmicos a têm considerado uma
escritoraconservadora, apesar de
a críticafeministaatual reconhecer em suas obras uma
dramatização do pensamento deMary
Wollstonecraft sobre a educação da mulher.
Estas foram as primeiras aquarelas que pintei em homenagem à Pride & Prejudice, inclusive a primeira já participou da exposição 10º Arte Ofício, na Fundação das Artes São Caetano do Sul, em 2010.
Cinema e literatura têm sido uma dupla espetacular! Um bom livro adaptado para a linguagem cinematográfica continua sendo um banquete para os fãs de ambos os gêneros. Ver na grande tela o que se idealizou durante o ato da leitura, se a contento, é uma grande satisfação. Respeitando as diferenças entre as linguagens e aproveitando o melhor que cada uma oferece, chega-se a um resultado surpreendente.
Nesta delicada e intimista adaptação da obra84 Charing Cross Road, de Helene Hanff, assistimos a um filme espetacular que virou cult na década de 80. Com o título nacional deNunca Te Vi, Sempre Te Ameiacompanhamos a troca de correspondências entre uma escritora norte-americana e um inglês gerente de livraria, por longos vinte anos. Diferenças culturais e afinidades intelectuais são discutidas e fomentam o surgimento de uma verdadeira amizade, senão uma paixão. Ela, fã incondicional de clássicos e literatura inglesa, reclama da ausência destas publicações nos Estados Unidos, ele um perfeito gentleman britânico. As tais referências bibliográficas trocadas durante o desenrolar da estória, são a grande preciosidade: sermões, filosofia, arte... Jane Austen [uma grande fã como eu, só poderia se deliciar!!] e a poesia de William Butler Yeats [como não gostar?!?!]. Vale a pena ver e rever!
Numa das cenas, Frank P. Doel (interpretado por Sir Anthony
Hopkins) lê um dos poemas de William Butler Yeats, He Wishes for the Cloths
of Heaven.
Segue abaixo o poema na íntegra com tradução:
Had I the
heaven's embroidered cloths,
Enwrought
with golden and silver light,
The blue and
the dim and the dark cloths
Of night and
light and the half-light,
I would
spread the cloths under your feet:
But I, being
poor, have only my dreams;
I have spread
my dreams under your feet;
Tread softly
because you tread on my dreams.
*
Se eu tivesse os
panos bordados dos céus,
Entremeados com luz
dourada e de prata,
O azul e os panos
esbatidos e escuros
Da noite e da luz e
da meia luz,
Espalharia os panos
debaixo dos teus pés:
Mas eu, sendo pobre,
tenho somente os meus sonhos;
Eu espalhei os meus
sonhos debaixo dos teus pés;
Caminha
com cuidado porque caminhas sobre os meus sonhos.
Aqui você pode
conferir o momento em que o personagem recita o poema:
Sinopse do filme:
Durante vinte anos
Helene Hanff (Anne Bancroft), uma escritora americana, se corresponde com Frank
P. Doel (Anthony Hopkins), o gerente de uma livraria especializada em edições
raras e esgotadas. Tudo começou pelo fato de Helene adorar livros raros, que
não se encontram em Nova York. Só que ela não poderia imaginar que uma carta
para uma pequena livraria em Londres, que negocia livros de segunda mão, a
levaria a iniciar uma correspondência afetuosa com Frank. Suas cartas íntimas e
altamente detalhadas descrevendo seus sonhos, esperanças, sofrimentos e
alegrias nos fazem mergulhar no universo de suas vidas, e eles acabam
desenvolvendo uma amizade notável e duradoura.
Conhecendo o poeta:
William Butler
Yeats, muitas vezes apenas designado por W.B. Yeats, (Dublin, 13 de Junho de
1865 — Menton, França, 28 de Janeiro de 1939) foi um poeta,dramaturgo e místico
irlandês. Atuou ativamente no Renascimento Literário Irlandês e foi co-fundador
do Abbey Theatre.
Suas obras iniciais
eram caracterizadas por tendência romântica exuberante e fantasiosa, que
transparece no título da sua coletânea de 1893, The Celtic Twilight ('O
Crepúsculo Celta'). Posteriormente, por volta dos seus 40 anos, e em resultado
da sua relação com poetas modernistas, como Ezra Pound, e também do seu
envolvimento ativo no nacionalismo irlandês, seu estilo torna-se mais austero e
moderno.
Foi também senador
irlandês, cargo que exerceu com dedicação e seriedade. Foi galardoado com o
Nobel de Literatura de 1923. O Comitê de entrega do prêmio justificou a sua
decisão pela "sua poesia sempre inspirada, que através de uma forma de
elevado nível artístico dá expressão ao espírito de toda uma nação." Em
1934 compartilhou o Prêmio Gothenburg para poesia com Rudyard Kipling.